sábado, 24 de outubro de 2009

Casa comida e roupa lavada, não adianta nada


A decepção do nosso amigo tava tão grande que talvez só uma caixa inteira de anfetaminas e muita cerveja resolveria. Não me contive e perguntei pro Jorge Arilson o que tinha acontecido. A resposta foi simples e curta, talvez abrangente demais, mas ouvi a palavra: "mulher".

Incrível. Por dois motivos.

Primeiro que eu nunca tinha ouvido a palavra "mulher" no sentido único e correto da palavra lá em Land Zeppelin. Sempre os termos são groupies ou coisa que o valha, ou melhor, que não vale nada, pois é tudo quase sinônimo né, groupie e não vale nada, mas enfim. Minha primeira surpresa ficou ai, eu achava que era impossivel alguem ali se sentir caído por causa de uma mulher.

O segundo, óbviamente, uma consequencia do primeiro, além da palavra mulher, a situação era: caído por causa de uma mulher! Realmente impressionante.

Mas enfim, chegamos mais perto pra ouvir as histórias, reclamações, indagações, decepções...nossa, vamos pegar uma garrafa de rum!

No caminho do meio fio até o Anjos do Balcão perguntei ao Jorge quem era o cidadão que estava ali praguejando a vida da mulher. Esse cara é o bebum do Paulão, bebe como um cavalo, adora uma putaria, já deve ter aprontado várias surubas e coisas afins, só não meteu em gargalo de garrafa ainda. Não contive meu riso, muito menos minha dúvida né. Enquanto isso pegavamos nossa garrafa de rum e uns copos.

Voltando ao meio fio onde estavam uma meia duzia de bebados rodeando outro bebado sentado ti ve que sabar minha dúvida e perguntei ao Jorge:

-Mas se ele foi a vida toda assim "puto", por que é que tá chorando por causa de mulher agora?
-Uma hora a gente paga né - me respondeu o Jorge.

Nos juntamos aos bebados na roda e começamos a ouvir. Uns entendiam, outro faziam de conta que entendiam, outros compreendiam, e, é claro, alguns riam!

-Não vale nada, só quer viver na balada, não vale nada, dei casa comida e roupa lavada mas essa mulher não vale nada-argumentava Paulão.

Agora eu já começava a entender o por que das diferentes reações dos colegas chumbados.

-Eu precisava vir até aqui para esquecer, beber pra esquecer essa filha da puta-continuava reclamando o bebum.
-Mas Paulão, quem é ela?-perguntou um dos bebados.
-A mulher do diabo!!!
-Mas assim é a vida, pense o quanto você já aprontou, uma hora as pessoas pagam mesmo, nunca podeme squecer que tudo que fizerem de alguma forma vai ficar marcado pra sempre.- veio o consolo de outro colega embriagado.

Ele já foi logo se explicando e contando toda a história:

-Quando eu pedi ela em casamento, ela até fez um juramento, falou que iria largar a boemia e voltar rpa casa antes de raiar o dia, mas ainda passa dia e noita na arruaça e só volta fedendo a cachaça, não quer saber de cuidar do lar, não lava, não passa nem quer cozinhar, não limpa a casa, nem arruma a cama, mas volta da farra toda suja de lama. Dei até um anel e ela pôs no prego. Tá toda arranhada, pensa que eu sou cego, vive no celular, basta eu sair que ela corre pro bar. Ontem mesmo ela chegou toda zuada, com a calcinha na mão e a pintura borrada...

Foi entendido o motivo da indignação, mas entre as risadas e os consolos, pudemos ouvir aquele ultimo suspiro de reclamação, que até soou com um ar de alívio:

-Mas eu to chorando por causa de um chifre? Eu só tenho um, ela tem mais de cem e "foi em quem pos"!!!! - sentiu-se vitorioso Paulão.

Já levantando abrindo duas latinha de cerveja para serem bebidas ao mesmo o bebum ficou só de cueca samba canção andando por lá exibindo sua pança de alcool e caçando alguem para o "abra essas pernas" da vez.

Um comentário: